segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Nascimento de Jesus


Segundo narra o evangelista Lucas (Capítulo II), Augusto César imperador romano, decretou um recenseamento na Palestina, sob a orientação de Quirino, governador da Síria.
O principal objetivo, óbvio, era fiscal.
Roma, a grande senhora que dominava o Mundo, desejava saber quantos potenciais pagadores de impostos sustentavam a riqueza e a boa vida de sua aristocracia.
Os judeus deveriam ser recenseados em sua cidade de origem, o que provocou invulgar movimento nas estradas e nas cidades.


José, que morava com Maria em Nazaré, era natural de Belém. Viu-se, portanto, na contingência de uma viagem que demandava perto de cinco dias.
A estalagem, previsivelmente, estava lotada.
O casal acomodou-se num estábulo, provavelmente na periferia. A tradição fixou o local como uma gruta e inseriu um boi e um asno, não presentes no relato de Lucas, que é extremamente lacônico.

Informa o evangelista, com absoluta economia de palavras, no versículo 7: ...e teve um filho primogênito, e o enfaixou e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.

Quanto ao mais, funcionou a imaginação.
Envolver a criança em faixas era um costume hebreu que tinha por objetivo não apenas aquecer a criança, mas também limitar seus movimentos.
Acreditava-se que isso garantiria braços e pernas fortes e sem problemas.
Nesse ínterim, pastores que cuidavam de seus rebanhos, nas cercanias de Belém, foram visitados por um anjo. Este os informou de que o emissário divino, aguardado com grande expectativa pelo povo judeu, chegara finalmente. Haveriam de encontrá-lo numa manjedoura, envolto em panos.

Outros anjos apareceram e, num coro celestial, entoaram, em glorioso cântico, a proclamação:
Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra aos homens de boa vontade.
Pouco depois, os pastores encontraram Jesus como fora indicado, e lhe renderam homenagens.
Temos aqui, caro leitor, em breves palavras, o nascimento de Jesus, comemorado festivamente em 25 de dezembro, data magna do Cristianismo, o acontecimento mais marcante da História.

No Natal, que significa nascimento, há um clima de esperança e fraternidade nas comunidades cristãs.
Jesus parece mais próximo dos homens.
O correto seria dizer que estamos mais perto dele, ante a mística natalina, a exortar a boa vontade, a vontade de ser bom.

A narrativa atribuída a Lucas é bela e poética, mas a exegese bíblica sugere que não guarda fidelidade aos fatos.
Começa com o Recenseamento.

É estranho que os habitantes da Palestina, perto de um milhão de judeus, se submetessem ao censo na cidade de seu nascimento. Por que na localidade onde residiam, como manda a boa lógica? Dá para imaginar a confusão resultante, absolutamente desnecessária.

Muitos exegetas afirmam que Jesus nasceu em Nazaré.
A narrativa introduzida no Evangelho de Lucas teria por objetivo dar cumprimento a antiga profecia judaica, segundo a qual o enviado divino nasceria em Belém. Daí a suposta viagem no controvertido censo.
Jesus foi tão importante para a História, que a dividiu em duas épocas. Antes e depois dele. Por isso contamos os anos a partir de seu nascimento, nos dois sentidos do tempo linear.

Augusto César, por exemplo, nasceu no ano 63 a.C. (antes de Cristo), e morreu em 14 d.C. (depois de Cristo). Usa-se, também, no segundo caso, a abreviatura a.D. do latim anno Domini (no ano do Senhor).
Essa mudança ocorreu no século VI, a partir dos cálculos efetuados por Dionísio, um monge e escritor cristão que, em face das limitações de seu tempo, errou em alguns anos. Sabemos hoje que Jesus nasceu aproximadamente quatro a seis anos antes da data fixada.
Assim, neste ano de 1997, em que registro estas anotações, estaríamos entre 2001 e 2003.

O suposto juízo final, se levarmos em consideração intérpretes bíblicos que o fixaram no ano 2000, está se atrasando.
Admitindo essa previsão podemos dizer que Deus é brasileiro mesmo, como se propala em nosso país, pelo menos no que diz respeito à nossa tradicional impontualidade.

Desconhece-se o dia exato do Nascimento de Jesus.
No século IV as autoridades religiosas optaram por 25 de dezembro, que marcava o início das festas populares da primavera, a suceder o inverno. Era a vida recomeçando após a morte simbolizada pelos meses frios.
Considerava-se o nascimento de Jesus o marco do renascimento espiritual da Humanidade, assim como o dia sucede a noite e a vida sucede a morte.

As dúvidas que envolvem o natalício do Senhor, longe de tirarem o brilho e a beleza do Evangelho, apenas demonstram que não devemos nos deter em detalhes dispensáveis.
Centralizemos nossa atenção no que há de relevante em seu nascimento, destacando o objetivo de sua missão.

Ele veio ensinar como construir o Reino Divino, a partir do alicerce fundamental – o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Em boa lógica, sob o ponto de vista humano, Jesus deveria ter nascido filho do imperador romano.
Assim desfrutaria do necessário poder para o desempenho da grandiosa missão, impondo sua mensagem aos homens. As legiões romanas seriam a garantia do cumprimento de suas determinações.
Nada disso aconteceu.

Jesus preferiu nascer numa das mais obscuras províncias do império, longe do poder, filho de humilde carpinteiro.
Situou-se tão longe de Roma, palco dos acontecimentos marcantes da época, que a História praticamente o ignorou.

Por que Semelhante Escolha?
Para entender isso, consideremos o fato fundamental que distingue Jesus dos líderes religiosos em geral:
Ele foi o único que, em todas as circunstâncias, exemplificou sua mensagem.
Viveu seus ensinamentos.

Contemplamos assombrados, na vida dos grandes líderes religiosos, fundadores de religiões, flagrantes contradições entre o que pregavam e a realidade de seu dia-a-dia.
A mensagem que traziam parecia maior que eles, incapazes de superar as limitações de seu tempo. Pesava em seus ombros.

Com Jesus foi diferente.
Ele foi tão grande quanto sua mensagem e a vivenciou inteiramente.
Ensinava que os homens são todos irmãos, filhos do mesmo Deus, pai de amor e misericórdia. Por isso não discriminava ninguém, nem recusava a convivência com a chamada gente de má vida, proclamando que os sãos não precisam de médico.
Ensinava que devemos fazer ao próximo o bem que gostaríamos nos fosse feito, e passou seu apostolado a atender necessitados de todos os matizes, curando enfermos do corpo e da alma.
Ensinava que devemos perdoar não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete, sempre, e jamais asilou ressentimentos ou mágoas, mesmo contra os piores adversários. Culminou por perdoar seus algozes na cruz.

E ao retornar à convivência dos discípulos, na gloriosa materialização, longe de admoestá-los por tê-lo abandonado no momento extremo, simplesmente os saudou com o carinho de sempre – a paz esteja convosco, convocando-os depois à gloriosa disseminação de seus princípios.

Empenhado em demonstrar, desde o primeiro momento, que o caminho para Deus passa pelo despojamento dos interesses humanos, das ambições, do comprometimento com o poder e com a riqueza, preferiu nascer filho de um humilde carpinteiro, no seio de um povo sem expressão no contexto de Roma.
Exemplificava, assim, uma lição ainda não assimilada pela Humanidade:

O valor de um homem não pode ser medido por sua origem, por sua profissão, pelo dinheiro, pela posição social, pelo poder que acumula, mas pelo seu empenho em contribuir para a harmonia e o bem-estar da sociedade em que vive, seja ele o presidente da república ou o mais humilde trabalhado braçal.

Por isso, em qualquer tempo, sempre que nos detivermos na apreciação do nascimento de Jesus, não importa saber se as informações de Lucas são rigorosamente exatas; se Jesus nasceu em Belém ou Nazaré; se foi no ano um, ou antes; se em dezembro ou noutro mês.

Devemos avaliar, isto sim, se já iniciamos uma nova contagem do tempo em nossa vida. Se já podemos comemorar oanno Domini, aquele ano decisivo do nascimento de Jesus em nossos corações.
É fácil saber.
Considerando que sua mensagem sintetiza-se no espírito de serviço em favor do bem comum, basta avaliar quantos de nosso tempo fazemos um tempo de servir.

Do Livro: Paz na Terra

Perfil Autor.: Por.: Richard Simonetti (Nasceu em Bauru, Estado de São Paulo, Milita no movimento espírita desde 1957, integrado no Centro Espírita Amor e Caridade, onde desenvolve largo trabalho de assistência espiritual e material naquela cidade. Colabora em Jornais e Revistas Espíritas, notadamente em O Reformador, O Clarim e Folha Espírita. Funcionário aposentado do Banco do Brasil, tem percorrido todos os Estados brasileiros em palestras de divulgação da Doutrina Espírita e Autor de diversos livros já publicados. Site: http://www.richardsimonetti.com.br

O Hospital Espiritual do Mundo agradece os irmãos do PORTAL DO ESPÍRITO e RICHARD SIMONETTI pelos Artigos que engrandecem este espaço de Aprendizagem e encontros Sagrados.

2 comentários:

  1. Sueli, fiquei muito feliz com sua visita e carinho. Obrigada pelo convite para conhecer o Hospital Espiritual do Mundo. Achei linda a mensagem do post sobre o nascimento de Jesus. Gostei muito do blog e já estou seguindo. Fico feliz que também tenha gostado do meu blog. Vou aguardar as novas peças lá no atelier. Beijos, Margarida

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  2. Querida li sua mensagem já estou aqui para ler e conhecer seu blog..
    Li com esmerado carinho o seu blog uma excelente postagem e seu blog é lindo nesse azul infinito..
    Amo ler tudo onde tem a palavra de Deus.
    Me avise na próxima postagem gostaria de acompanhar seu blog.
    Uma linda semana beijos ,,Evanir.
    www.aviagem1.blogspot.com

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